segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Entrevista com Marcelo Caminha (instrumentista, arranjador, compositor e produtor musical)

por Leonardo Gadea – 13 / 11 / 2010 – Bastidores da 18ª Tertúlia da canção nativa

Entrevista concebida exclusivamente para o www.pulperia.blogger.com.br

Sobre a participação na 18ª Tertúlia?

Estamos na noite final da 18ª Tertúlia, um festival do qual nunca tinha participado, comecei numa época muito boa dos festivais na década de 85, quando a Tertúlia estava ao meu ver no seu auge, na época da 5ª ou 6ª Edição mais ou menos, quando saíram aqueles LPs com músicas que se tornaram mais conhecidas, aquilo ali pra mim foi um marco muito importante porque os LPs dos festivais eram muito importantes. Naquela época lembro que a gente adquiria os LPs e ficava ano inteiro escutando, tirando as músicas, tentando conhecer os artistas que até então estavam ali e aos quais não se tinha acesso porque éramos iniciantes. A partir da década de 90 comecei a trabalhar efetivamente nos festivais como instrumentista e também como compositor, mas sempre focando na premiação de melhor instrumentista dos festivais, hoje acumulo seguramente mais de 50 premiações de melhor instrumentista nesse período que participei dos festivais. Entre 1990 e 2005 participei de quase todos os festivais e em dezembro de 2005 na Califórnia participei pela última vez concorrendo em festival, porque resolvi parar um pouco de participar como concorrente.

Mas quando fiquei sabendo do ressurgimento da Tertúlia eu não sei porque cargas d’água me deu um estalo de mandar uma música pra triagem, e essa música que enviei estava nesse período sendo gravada pro disco do Pepeu Gonçalves este que a interpretou aqui no festival, é uma parceria minha e do Gujo Teixeira e tem por título “Chamando a Cria”; tocaram os músicos Maykell Paiva - Violão, Felipe Alvares - Contrabaixo , Marcelo Caminha Filho - Percussão, Eu – Violão.Então estávamos mixando, colocando arranjos e voz nessa música pro disco do Pepeu e tal, daí pensei vou mandá-la, mas aquela coisa, nem dei muita bola porque não temos essa pretensão de que tudo que é música vai passar, até nem lembrava que tinha mandado porque são tantas coisas, compromissos. Daí passou e recebemos essa notícia muito felizes, então pensei em nos organizarmos dentre tantos compromissos e shows pra vir participar. Então eu acho que a Tertúlia é um festival que estava fazendo falta neste cenário dos festivais, como um dos esteios dos festivais, porque se não me falha a memória ela é o terceiro festival mais antigo do estado (primeiro é a Barranca e segundo a Califórnia). Enfim é um festival que tem a sua importância, que tem na sua história grandes músicas como “Canto Alegretense” por exemplo, uma das músicas mais representativas do Rio Grande do Sul, saiu desse festival; então estamos muito felizes por esse festival ter voltado e esperamos que a comunidade santamariense entenda sua importância e, principalmente as próximas administrações que virão, espero que seja do conhecimento delas que o festival é importante pra que a cidade mantenha esse festival.

E sobre teus trabalhos no exterior (Europa) como é a receptividade do público nos outros países com a música regional gaúcha?

A experiência que tive com a música gaúcha fora do Brasil é que a nossa música é muito pouco conhecida como música brasileira, ela é mais conhecida como música Argentina e Uruguaia; eu estive na Alemanha, Inglaterra e Portugal foram as três oportunidades que tive de ir lá pra Europa e muito poucas pessoas sabem que esta música que a gente faz com essa cara do folclore pampeano, latino, mais latino do que propriamente brasileiro ela é feita no Brasil, existe muito essa coisa de não entenderem que são brasileiros que fazem esse tipo de música porque eles acham que só se toca samba aqui no Brasil.

Mas essas oportunidades que surgem eventualmente de sair do Brasil e até sair daqui do Estado, são oportunidades que acontecem, mas eu tenho muito de valorizar o nosso público do Rio Grande do Sul e aqui do sul do Brasil, eu já diria do Sul do Brasil porque hoje temos três estados que são irmãos de cultura, não é só o Rio Grande do Sul. E o trabalho que tenho feito, tem sido efetivo em cima desse público.

E os discos? E outros trabalhos?

Eu tenho 12 anos de carreira solo, com discos gravados (instrumentais) e agora este ano lancei um DVD que é um curso de violão (vídeo/aula) mostrando como toco os ritmos gaúchos no violão. Esse trabalho se encontra na loja virtual do site www.marcellocaminha.com ou comigo nos shows, são as únicas formas de adquirir esse material porque é de produção própria, porque em 2008 quando lançamos o CD Influências, achamos que não era mais coerente trabalharmos com gravadoras, então saímos da gravadora que até então havia lançado meus 8 discos anteriores e viramos gravadora Caminha Produções Artísticas e estamos indo muito bem assim, porque o pessoal entende e o comércio pela internet está crescendo muito.O próprio acesso aos blogs está crescendo muito, aos sites, à informação, eu aposto muito na internet como meio moderno de troca de informação, aliás, aposto tudo praticamente nisso aí, acho que não temos mais como não entrarmos nesse mundo das redes sociais, inclusive tenho um blog também que mantenho com orientações específicas sobre o DVD (vídeo/aula) que é um material didático e neste blog se encontram complementos para o DVD mostrando, cifras, partituras e tablaturas. Enfim, temos feito vários shows de lançamento desse trabalho inclusive aqui em Santa Maria no Teatro Treze de Maio mês passado, estamos com uma turnê de 12 shows marcados em janeiro e fevereiro pelos 3 estados aqui do sul (Paraná e Santa Catarina) então estamos muito felizes nesse trabalho, e paralelo a isso tenho o trabalho com o César Oliveira e Rogério Melo que venho fazendo, que é um trabalho bastante intenso de volumes de shows e viagens e eu me entretenho nessa atividade musical entre esses 2 trabalhos, por esse motivos me ausentei um pouco dos festivais, pra apostar mais nesses trabalhos de palco, nesses shows.

Para finalizar, o que tens a dizer aos leitores do PulperiaBlogger e admiradores da música gaúcha?

Eu tenho um carinho muito grande pelo público gaúcho, pelas pessoas que entendem e sabem escutar a nossa música, que eventualmente escutam outros estilos de música (nada contra outros estilos de música, que estão tomando conta por aí afora), mas eu tenho um orgulho muito grande desse nosso público, que prestigia, respeita e que entende a forma que a gente se manifesta musicalmente, eu sempre digo que para nós artistas o grande patrimônio é o nosso público, cada dia que passa a gente vai aumentando esse patrimônio, conhecendo pessoas, fazendo novas amizades, as pessoas vão tomando conhecimento do trabalho que a gente faz , isso aí eu acho que é o maior fruto que a gente colhe do trabalho de muitos anos que a gente vem fazendo.

Um comentário:

  1. “ENCONTRO COM A ACADEMIIA MACHADENSE DE LETRAS”

    A Academia Machadense de Letras realizará durante suas reuniões, o “Encontro com a Academia”.
    Este acontecimento tem como objetivo, a interação e divulgação das manifestações culturais, através de debates com membros da nossa cidade e região.

    Contatos:
    Carlos Roberto de Souza
    machadocultural@gmail.com
    (35) 8833-9255
    Bog da Academia: http://academiamachadense.blogspot.com.br/



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